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Barroco e Arcadismo

BARROCO E ARCADISMO
BARROCO
  É um estilo artístico que surgiu no século XVI e se estendeu até o início do século XVIII.  Esse movimento dominou a arquitetura, a pintura, a literatura e a música, por isso, toda a cultura desse período, incluindo costumes, valores e relações sociais, é chamada de “barroca”.
PRINCIPAIS AUTORES E SUAS OBRAS:
-Bento Teixeira
 Bento Teixeira Pinta nasceu entre 1540 e 1545, tendo morrido, ao que parece, por volta de 1618.
 Prosopopeia foi sua única obra.
 Publicada em 1601, como já dito, esta obra de grande valor histórico, relata a vida e o trabalho de Jorge de Albuquerque Coelho. Embora tenha sido originalmente publicada em Lisboa, é reconhecida por ser uma das primeiras obras da literatura brasileira, pelo fato de Bento Teixeira ter estudado e feito carreira no Brasil. Analisando sua estrutura, nota-se que é extremamente clássica, cheia de hipérbatos, seguindo paralelamente à obra de Camões.

Estrofe LXXIX
"Com lágrimas d'amor e de brandura,
de seu Senhor querido ali se espede,
e que a vida importante e mal segura
assegurasse bem, muito lhe pede,
torna à batalha sanguinosa e dura,
o esquadrão rompe dos de Mafamede,
lastima, fere, corta, fende, mata,
decepa, apouca, assola, desbarata."


-Gregório de Matos
Gregório de Matos (1636-1695) foi o maior poeta do barroco brasileiro. Desenvolveu uma poesia amorosa e religiosa, mas se destacou por sua poesia satírica, constituindo uma critica a sociedade da época, recebendo o apelido de "Boca do Inferno".
Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador, então capital do Brasil, na Bahia, no dia 23 de dezembro de 1636. 

Gregório de Matos deixou uma obra poética vasta, mas não teve nenhum livro publicado em vida. Suas poesias foram pulicadas em VI volumes, entre 1923 e 1933 com o título: Obras de Gregório de Matos. Em 1970 foi publicado Poemas Escolhidos.

Soneto a Nosso Senhor
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido,
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tem a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.


- Manuel Botelho de Oliveira.

Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711) foi um poeta brasileiro, um dos grandes representantes do estilo barroco que se desenvolveu na época do Brasil-Colônia. Foi o primeiro brasileiro a publicar poesias em livro.
Manuel Botelho de Oliveira nasceu em Salvador, Bahia, em 1636.
Rosa na Mão de Anarda Envergonhada
Na Bela Anrada uma rosa,
brilhando desvanecida,
padeceu por atrevida
menoscabo de formosa:
porém não, que vergonhosa
com mais bela galhardia
do que era dantes, se via,
pois quando se envergonhava,
mais vermelha se jactava,
mais formosa se corria. (...)
-Frei Vicente de Salvador 
Vicente Rodrigues Palha (1564-1636) nasce em Matuim, nas proximidades de Salvador.
 Em 1627 conclui História do Brasil, uma das grandes obras do século XVII, pela autenticidade e fidelidade do relato. O manuscrito é encontrado pelo historiador Capistrano de Abreu na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 1881, dois séculos e meio depois de escrito. Publicado em 1888, ganha a edição definitiva em 1918. Existem também referências à obra Crônica da Custódia do Brasil, escrita em 1618, cujos originais foram perdidos. Morre em sua cidade natal.

A obra é dividida em cinco livros.
O livro primeiro trata do descobrimento da terra, da descrição da fauna e flora e dos costumes do gentio.
O livro segundo trata da criação das capitanias.
Os livros terceiro e quarto tratam da sucessão de governadores do Estado do Brasil e das lutas contra invasores franceses e índios revoltosos.
O livro quinto e último ainda trata do tema dos dois capítulos anteriores, além de incluir a invasão holandesa na Bahia e da expulsão dos invasores.


-Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica
Manuel de Santa Maria Itaparica (Ilha de Itaparica, 1704 – 1768) fez estudos no Convento de Paraguaçu, da Ordem Seráfico de São Francisco, entre 1710 e 1720 em Salvador BA. A partir de 1920, tornou-se professor da Ordem. Em 1753 foram publicados seus Poemas Avulsos e, em 1769, a obra Eustáquidos, pela qual se tornou mais conhecido. Poeta barroco, Manuel de Santa Maria Itaparica contribuiu, segundo o crítico José Aderaldo Castello, “para o revigoramento da preferência em nossas manifestações literárias da poesia de inspiração e assunto religioso, na qual também é frequente a expressão do sentimento nativista, desde que houvesse possibilidades de referências ou de exaltação da terra.”.

Canto Heróico
XIV

Aqui se acha o marisco saboroso,
Em grande cópia e de casta vária,
Que para saciar ao apetitoso,
Não se duvida é coisa necessária:
Também se cria o lagostim gostoso,
Junto co'a ostra, que por ordinária
Não é muito estimada, porém antes
Em tudo cede aos polvos radiantes.
(...)

ARCADISMO
O Arcadismo é uma escola da literatura europeia do século XVIII, que se opunha aos escritos Barrocos. Eles se afastaram dos textos rebuscados, uma vez que escreviam com simplicidade e pureza.
PRINCIPAIS AUTORES E SUAS OBRAS:
Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio Gonzaga nasceu em 1744, em Porto, passou uma parte de sua infância no Brasil, e com aproximadamente vinte e quatro anos se formou no curso de Direito em Coimbra. Logo após, começou a ser conhecido ao fazer uma tese com princípios iluministas que foi dedicada ao Marquês de Pombal.

Marília de Dirceu (trecho correspondente a parte II do poema)
Tomás Antônio Gonzaga
(...)
Porém se os justos céus, por fins ocultos,
em tão tirano mal me não socorrem;
verás então, que os sábios,
bem como vivem, morrem.

Eu tenho um coração maior que o mundo,
tu, formosa Marília, bem o sabes:
um coração..., e basta,
onde tu mesma cabes.
(...)

-Basílio da Gama

José Basílio da Gama (Tiradentes, Minas Gerais, 1741 - Lisboa, Portugal, 1795). Poeta. Órfão de pai na adolescência, segue para o Rio de Janeiro, onde estuda no Colégio dos Jesuítas, congregação religiosa com a qual manterá relação ao longo de sua vida.

Epitalâmio às Núpcias da Senhora. Dona Maria Amália.

V
Estas faces mimosas, e serenas,
A boca, onde se forma o doce encanto,
Causa de tanto susto, e tantas penas,
Os olhos, que enche o vergonhoso pranto,
A garganta de neve, e de açucenas,
Tão desejada, e suspirada tanto,
(Olha os sinais da doce mágoa sua)
Alma feliz, esta beleza é tua.

VI
Entra Esposa imortal de Amor no templo,
Dá à Pátria, que te ama, e se desvela,
Doces frutos de amor (eu os contemplo)
Sucessão numerosa, ilustre, e bela:
Que siga os passos, e o paterno exemplo,
E se deixe guiar da sua estrela.
Que de fortes leões leões se geram.
Nem os filhos das águias degeneram.
- Santa Rita Durão
José de Santa Rita Durão nasceu em Cata-Preta, Minas Gerais, em 1722. Seus estudos tiveram início com os jesuítas no Rio de Janeiro. Formou-se em Teologia pela Universidade de Coimbra e ingressou na Ordem de Santo Agostinho. Nesse período, por volta de 1759, fez uma pregação contra os padres da Companhia de Jesus pela expulsão dos jesuítas, mas depois se arrependeu.
O poema é estruturado em 10 cantos, versos decassílabos e utiliza a oitava rima camoniana.

Trecho do Canto VI, onde narra a morte de Moema
“- Bárbaro (a bela diz) tigre e não homem...
Porém o tigre, por cruel que brame,
Acha forças no amor, que enfim o domem;
Só a ti não domou, por mais que eu te ame.
Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem,
Como não consumis aquele infame?
Mas pagar tanto amor com tédio e asco...
Ah! Que corisco és tu...raio...penhasco”

-Cláudio Manuel da Costa​​​​​​​
Cláudio Manuel da Costa nasceu em Minas Gerais, na circunvizinhança da cidade de Mariana, em junho de 1729. Teve seus primeiros estudos com os jesuítas, logo depois, estudou humanidades no Rio de Janeiro e Direito na Universidade de Coimbra. Por volta de 1749, teve contato com as idéias iluministas e também com o arcadismo.
O poeta gerou forte influência nas obras dos autores árcades Tomás Antônio Gonzaga e Inácio da Silva Alvarenga, considerado como precursor do Arcadismo brasileiro.
Cláudio Manuel produziu poemas com temática pastoril, com estrutura perfeita de soneto, além de trazer reflexões sobre a vida, sobre a moral e sobre o amor.
Foi preso em 1789, acusado de participar da Inconfidência Mineira, logo após, foi encontrado morto na cela. Alguns acreditam que foi suicídio, outros que foi assassinato.


Trecho do poema Vila Rica, Canto VII
O conceito, que pede a autoridade,
Necessária se faz uma igualdade
De razão e discurso; quem duvida,
Que de um cego furor corre impelida
A fanática idéia desta gente?
Que a todos falta um condutor prudente
Que os dirija ao acerto? Quem ignora
Que um monstruoso corpo se devora
A si mesmo, e converte em seu estrago
O que pensa e medita? Ao brando afago
Talvez venha ceder: e quando abuse
Da brandura, e obstinados se recuse
A render ao meu Rei toda a obediência,
Então porei em prática a violência;
Farei que as armas e o valor contestem
O bárbaro atentado; e que detestem
A preço do seu sangue a torpe ideia.


FIM OBRIGADO POR SUA ATENÇÃO...
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